Bolognesi próxima de vender termelétrica de 1,2 GW à Prumo

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O grupo gaúcho Bolognesi está em negociações avançadas com a Prumo ­ agora controlada pelo fundo americano EIG Global Energy Partners ­ para a venda do projeto da termelétrica Novo Tempo (PE), de 1,2 gigawatts (GW) de potência, e do terminal de regaseificação de gás natural liquefeito (GNL) que faz parte do projeto. O Valor apurou que o negócio pode envolver a termelétrica Rio Grande (RS), que também tem 1,2 GW, e prevê a construção de outro terminal de GNL.

Procurada pelo Valor, a Bolognesi confirmou as negociações com a Prumo. Esta, por sua vez, não respondeu os pedidos de entrevista da reportagem.

Os projetos das duas termelétricas foram vendidos em um leilão no fim de 2014, para entrega em janeiro de 2019 e dezembro de 2020, ao preço de R$ 206,50 por megawatt­hora (MWh). Na época, se estimava investimentos da ordem de R$ 3 bilhões para viabilizar cada um dos projetos.

Grupo gaúcho tem até 31 de agosto para viabilizar um plano para as duas termelétricas e os terminais de GNL Depois disso, porém, a disparada do câmbio e a piora das condições de financiamento no país inviabilizaram o negócio, e as usinas não chegaram a sair do papel. Em fevereiro, a Bolognesi informou a Aneel que tinha conseguido renegociar os contratos com as distribuidoras para além de janeiro de 2021, fazendo uso dos instrumentos dados pelo governo para permitir a redução da sobrecontratação da energia das distribuidoras.

Com isso, a Aneel deu a empresa o prazo final de até 31 de agosto para apresentar a comprovação da estruturação financeira do negócio, e a Bolognesi acelerou as negociações para encontrar compradores e sair definitivamente das duas usinas.

Segundo duas fontes próxima da situação, a Bolognesi já chegou a levar representantes da Prumo para uma reunião com a diretoria da Aneel, a fim de mostrar que as negociações estão realmente avançadas.

O Valor apurou que a Bolognesi foi procurada também pela Norte Energia, concessionária da hidrelétrica de Belo Monte, mas as conversas foram muito iniciais. A intenção da Norte Energia era conseguir um contrato de longo prazo, para que pudesse enquadrar a fatia de 20% da potência instalada de Belo Monte que está descontratada e que vem se provando ser um grande problema para o consórcio.

A Bolognesi tem pressa para sair dos projetos, que poderão ter a outorga revogada pela Aneel caso não tenham um plano viável de execução até 31 de agosto.

Quando pediu a prorrogação dos prazos à agência, a Bolognesi citou fatores “imprevisíveis e extraordinários” que aconteceram depois do leilão A­5 de 2014, no qual as usinas foram contratadas. Entre os fatores, estão a variação cambial, que provocou o “aumento exponencial” dos investimentos nos empreendimentos, a retração da economia e, consequentemente do crédito, além do aumento das taxas de juros.

Segundo a companhia, sua capacidade de financiar os dois projetos foi “profundamente impactada” por esses aspectos.

Na época do leilão, especialistas chegaram a alertar para o risco de concentração de um volume de quase 2,5 GW de energia nas mãos de um estreante no segmento. O principal risco é o do GNL, que é importado e exigiria um parceiro internacional.

Outro projeto semelhante, vendido em um leilão no início de 2015, a termelétrica Porto de Sergipe, de 1,5 GW de potência, também chegou a gerar dúvidas sobre sua viabilidade no mercado. A solução da Centrais Elétricas de Sergipe (Celse), concessionária responsável pela usina, foi um acordo de longo prazo para compra de GNL da Ocean LNG, joint venture operada pela Qatar Petroleum (70%) e pela americana ExxonMobil (30%).

O gás importado terá como destino um terminal de regaseificação que será construído também em Sergipe, e deve ficar pronto em 2020. Se o prazo for respeitado, será o primeiro terminal de GNL privado do país, marcando o fim do monopólio da Petrobras, que hoje tem dois terminais no país.

Além do contrato com a ExxonMobil e com a Qatar Petroleum, a participação da Golar Power (joint venture entre a norueguesa Golar LNG e o fundo americano Stonepeak Infraestructure Partners) na Celse também foi fundamental para viabilizar o projeto do terminal de GNL.

No caso da Bolognesi, o maior temor era de uma repetição do caso do grupo Bertin, que acumulou 6 GW em projetos em 2008, com investimentos estimativos em R$ 7 bilhões, e cuja maioria não chegou a sair do papel.

Os projetos do Bertin ou foram devolvidos ao governo ou vendidos ­ e o comprador foi justamente a Bolognesi.

Naquela época, o buraco aberto pelo Bertin chegou a deixar as distribuidoras de energia descontratadas, afetando o fluxo de caixa das distribuidoras. Desta vez, como as distribuidoras ainda enfrentam a sobrecontratação, como resultado da queda de demanda no mercado cativo, um eventual cancelamento das usinas da Bolognesi não deve trazer os mesmos problemas.

Foi a sobrecontratação das distribuidoras que permitiu que a Bolognesi negociasse acordos bilaterais com as distribuidoras para eliminar a necessidade de fornecimento de energia das termelétricas para essas empresas até dezembro de 2020.

Fonte: Valor Econômico

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